93% das pessoas dizem que atividades culturais influenciam na frequência escolar
A terceira onda da pesquisa Hábitos Culturais se dedica a mostrar a perspectiva dos brasileiros sobre a relação da cultura com a fase de formação escolar
A última atualização da 5ª edição da pesquisa Hábitos Culturais, realizada pelo Observatório da Fundação Itaú em parceria com o Datafolha, mostra a visão dos brasileiros sobre a relação das atividades culturais com a educação e desenvolvimento das crianças. Entre os entrevistados, nove em cada 10 pessoas com filhos até 18 anos acham fundamental a prática de atividades culturais na infância e na adolescência.
Entre os respondentes com filhos, 93% dizem que a exposição a atividades culturais influi na vontade de frequentar a escola, 94% acreditam que ajuda no desempenho escolar, 92% atribuem melhora no relacionamento em casa e 90% informam que práticas culturais influenciam positivamente no relacionamento das crianças e jovens com outras pessoas.
A pesquisa investigou também a percepção do conjunto dos entrevistados, com filhos ou não, sobre outros benefícios proporcionados pela cultura na fase de formação. O autoconhecimento foi apontado, por 43% do total dos entrevistados, como a principal habilidade desenvolvida por crianças e adolescentes que praticam atividades relacionadas à cultura. Em 2023, o índice era de 40%.
Conforme os dados da amostra, a empatia aparece como a segunda habilidade que mais se desenvolve com práticas culturais na infância e na adolescência, de acordo com 38% dos entrevistados, assim como o desenvolvimento da criatividade, seguido por colaboração, com 34% (quesito introduzido no questionário estimulado desta edição), comunicação/assertividade (33% este ano contra 21% em 2023) e pensamento crítico/engajamento (27% este ano contra 30% em 2023).
Para 26% respondentes desta edição, a cultura também gera benefícios para autonomia das crianças e jovens, contra 19% em 2023. A flexibilidade é outra habilidade que se desenvolve com vivências culturais, segundo 22% dos entrevistados, em 2023 eram 11%. Além disso, a cidadania também foi mencionada, com 22% este ano, contra 36% em 2023, e o letramento digital e tecnológico com 7% em 2024, contra 4% em 2023.
O estudo mostrou também que 38% dos entrevistados realizam atividade do gênero em escolas (eram 41% em 2023). Dos locais utilizados para práticas culturais, o ambiente escolar aparece na quinta colocação, atrás de:
• Praças ou ruas: 60% este ano, contra 71% em 2023.
• Igrejas ou espaços religiosos: 57% (incluído na pesquisa este ano).
• Parques: 50% este ano contra 63% em 2023.
• Shopping centers: 39% – 55% em 2023.
As escolas estão à frente apenas de clubes (27% contra 34% em 2023) e projetos culturais, sociais e ONGs (25% – quesito também aferido somente este ano).
“A pesquisa mostra que a escola, junto ao território em que está inserida, possui um enorme potencial para se consolidar como um espaço articulador de múltiplos saberes, ao acolher práticas culturais e adotar como princípio a educação integral. Isso é fundamental para o desenvolvimento de adolescentes e jovens, como aponta o estudo”, avalia Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú.
Ainda segundo o levantamento, 72% dos entrevistados dizem que participariam de eventos culturais nas escolas do seu bairro se elas acontecessem com mais frequência. Apenas 26% disseram que não participariam e 2% não souberam responder. “Esses dados mostram que precisamos avançar em políticas públicas para intensificar as práticas de cultura nas escolas e inseri-las de forma transversal no currículo, o que beneficiaria os estudantes e também a comunidade”, avalia Saron. “Inclusive, a Fundação Itaú acaba de firmar um acordo de cooperação técnica com os ministérios da Educação e da Cultura para justamente produzir estudos e evidências sobre os impactos da arte e cultura na performance acadêmica, na trajetória escolar e no desenvolvimento integral de crianças e adolescentes”, lembra o executivo.