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Olga Lysloff/Fundação Itaú
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97% dos brasileiros realizaram atividades culturais no último ano, diz pesquisa

A 5ª edição de Hábitos Culturais mostra também o impacto dos produtos digitais e o aumento das atividades presenciais nesse índice

A mais nova edição da pesquisa Hábitos Culturais, realizada pela Fundação Itaú em parceria com o Instituto Datafolha, mostra que 97% dos brasileiros entrevistados afirmam que realizaram alguma atividade cultural nos últimos 12 meses, sendo 85% presencialmente e 89% em casa ou on-line. E mais da metade diz participar ao menos uma vez no mês de forma presencial.

Além disso, o estudo, que mapeia os comportamentos culturais da população, expõe uma série de descobertas sobre como as diversas faixas etárias e grupos sociais se relacionam com a cultura.

Um homem jovem, negro de cabelos cacheados na cor preta. Ele veste uma camiseta azul e está usando fones nos ouvidos enquanto segura um celular na mão. Ele esta deitado em um sofá
 (imagem: Ilustrações geradas por IA: Shutterstock, 2024.)

A liderança na preferência do público nos últimos 12 meses ficou com ouvir música on-line, mencionada por 83% dos entrevistados. Assistir a filmes em plataformas de streaming foi a segunda colocada, com 73% das respostas, seguida por consumo de séries, também no modo on-line, de acordo com 69% dos respondentes. Em quinto e sexto lugar, aparecem mais duas atividades mediadas por telas e streaming: 56% assistiram a novelas e 52% ouviram podcasts.

 
As atividades presenciais ao ar livre ocuparam a quarta colocação na preferência do público, alcançando 66% da população entrevistada. A leitura de livros impressos, por exemplo, ficou na sétima colocação com 52%, seguida por shows de música (44%) e festas folclóricas e populares (42%).

O hábito de frequentar salas de cinema foi mencionado apenas por 38% da amostra, seguido por 36% dos leitores de e-books/livros digitais. Já as atividades infantis foram mencionadas por 35% das pessoas, seguidas por espetáculos de dança com 30%, e exposições e centros culturais com 25%.

Um jovem negro de cabelos cacheados, vestindo uma camiseta azul. Ele está sentado enquanto lê um livro e ao fundo estão diversas estantes com livros
 (imagem: Ilustrações geradas por IA: Shutterstock, 2024.)

Se comparado à edição anterior, outro destaque importante é o aumento no hábito das pessoas que mencionaram as idas a bibliotecas, sendo de 21%, em espetáculos de teatro e circo com 19%, museus com 16%, festivais literários e musicais com 12% e 11%, respectivamente, e saraus literários 8% nesta 5ª edição.

 “Como era de se esperar, o consumo de produtos culturais digitais hoje é predominante, mas também observamos muito positivamente um crescimento do público nas atividades presenciais”, diz Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú. “Fora o aumento de brasileiros que voltaram a assistir a novelas, há um forte retorno do público para ver presencialmente espetáculos de dança e atividades infantis, entre outras, como shows, teatro e festas folclóricas.”

Atividades presenciais por classes sociais, escolaridade e outros indicadores
Dos 61% que afirmam realizar alguma atividade cultural presencial ao menos uma vez por mês, 30% — ou seja, a maioria da amostra — declara realizar alguma atividade cultural presencial uma vez por semana. Já os que o fazem a cada 15 dias somam 13%, enquanto os que realizam uma vez por mês são 18% dos entrevistados, representando uma queda em relação ao ano anterior, 2023, quando o índice era de 23%.

Os dados coletados na pesquisa também evidenciam as diferenças no perfil daqueles que frequentam as atividades culturais, com destaque para os recortes de classes sociais e escolaridade. Por exemplo, a população das classes D/E apresenta o maior índice de participação em ocupações relacionadas à cultura quando comparadas às das classes A/B, sendo 31% e 28%, respectivamente. 

Assim como a diferença apresentada na frequência da realização dessas atividades por classes sociais, essa disparidade também se reflete no nível de escolaridade da população: as pessoas com apenas o ensino fundamental completo somam 32% do grupo dos mais assíduos. Por outro lado, os mais escolarizados, com ensino superior, representam 28% dos frequentadores das atividades culturais uma vez por semana.

Entre os habitantes das cidades do interior, 31% fazem parte da maior faixa de periodicidade (uma vez por semana), e nas regiões metropolitanas eles representam 28%. Outro destaque é o engajamento da população em relação às práticas culturais nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, com 32%, e Norte, com 30%. Já no Sul e Sudeste do país, os índices caem para 28%.

Atividades virtuais por por classes sociais, escolaridade e outros indicadores
Se no cenário presencial as diferenças são consideráveis, no remoto elas se acentuam ainda mais. O estudo mostra um crescimento expressivo no consumo da cultura virtualmente: 71% dizem realizar essas atividades pelo menos uma vez por semana, e um total de 88% dizem realizar pelo menos uma vez no mês. Na edição passada, as porcentagens eram de 49% e 72%.

Diferentemente das atividades presenciais, a participação virtual é maior entre os os grupos que estão concentrados nas capitais e região metropolitana, sendo 77%, contra 66% nas regiões interioranas. Outro aspecto importante é a faixa etária dessa parcela da população: os jovens de 16 a 24 anos são 78%, enquanto entre os habitantes de 45 e 65 anos a porcentagem cai para 62%.

Aqueles que possuem um nível de instrução maior também representam a maior parte dessa amostra, com 83% no ensino superior e 63% entre os formados no ensino fundamental. O recorte de classes sociais nesse aspecto do consumo cultural também evidencia que a população pertencente à classe A/B representa 79% daqueles que mantêm hábitos culturais virtuais, contra 60% nas classes D/E.

Um retrato da pesquisa
O levantamento, que ouviu 2.494 pessoas em todas as regiões do país, em
agosto deste ano, aponta tendência de crescimento para 16 das 23 atividades
avaliadas Novelas, atividades infantis e espetáculos/apresentação de dança
são as que mais cresceram, acima de 10 pontos em relação a 2023. A margem
de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

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