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Estratégias para o desenvolvimento da IA no Brasil são discutidas em seminário

Especialistas analisam potenciais da inteligência artificial para impulsionar avanços na sociedade

Durante o seminário "Inteligência Artificial em Educação e Cultura: Estratégias para combater desigualdades", especialistas se reuniram para discutir os rumos da inteligência artificial (IA), levantando questões fundamentais sobre seu impacto e potencial para o futuro. Uma das mesas abordou o tema "De que IA estamos falando?", trazendo reflexões sobre o assunto. Veja abaixo alguns destaques do debate.


Virgílio Almeida, professor de ciência da computação, iniciou a discussão definindo IA como uma "ferramenta capaz de realizar tarefas típicas da cognição humana", como a linguagem, a tomada de decisão e a identificação de padrões. Ele ressaltou que é preciso ter um debate público amplo, uma vez que, apesar de seu potencial para aumentar a produtividade, a IA ainda levanta preocupações na sociedade, como por exemplo,  a veracidade dos dados gerados.

Nina da Hora, cientista da computação e pesquisadora do tema da ética em inteligência artificial, enfatizou a evolução do conceito ao longo das décadas. Segundo ela, a IA está sendo redesenhada para servir às pessoas em vez de substituí-las, oferecendo oportunidades para resolver problemas específicos e apoiar diversas iniciativas sociais.

Silvio Meira, professor e cientista da computação, trouxe uma perspectiva diferenciada ao comparar a IA com as dimensões tradicionais de inteligência humana. Ele destacou que a IA representa uma nova forma de inteligência embutida em objetos inanimados, o que inevitavelmente redefine nossa compreensão do que significa ser inteligente.

Fabio Cozman, professor e especialista em IA, completou a discussão apontando a complexidade de definir inteligência em contextos tecnológicos. Ele diferenciou a IA idealizada, conceito muito visto em produções sci-fi em que a inteligência imita o humano, e IA pragmática, focada na eficiência e na produtividade - como um carro, que é uma ferramenta de locomoção mas não se assemelha aos seres humanos.

Os debates também abordaram questões éticas e regulatórias. Nina da Hora ressaltou as diferentes abordagens éticas entre os países e a necessidade de alinhar os vocabulários entre as equipes técnicas e as equipes que cuidam da análise social da ferramenta, para assim implementar práticas éticas na IA de forma eficaz. Virgílio Almeida, por sua vez, alertou para os desafios éticos relacionados ao uso da IA, incluindo discriminação algorítmica e a vigilância da máquina sobre a sociedade.

Em relação ao Brasil, os especialistas destacaram a necessidade de uma política governamental clara para promover a soberania tecnológica e o desenvolvimento de uma visão nacional sobre IA. Eles concordaram que o país possui potencial significativo na produção científica, que os dados brasileiros (como os gerados pelo SUS, INEP, Embrapa, etc) possuem grande potencial para agregar valor ao seu desenvolvimento, mas carecem de uma estratégia coesa e investimentos direcionados.

Sobre a integração da IA na educação, Nina da Hora apontou a responsabilidade dos desenvolvedores em colaborar com os professores no desenvolvimento de ferramentas educacionais eficazes, e não apenas na apresentação das ferramentas em sua etapa final.

O evento concluiu com um consenso sobre a necessidade contínua de debates e regulamentações para orientar o desenvolvimento ético e responsável da Inteligência Artificial, garantindo que seus benefícios sejam maximizados enquanto os riscos são mitigados.

Veja mais comentários dos especialistas sobre o tema:

Silvana Bahia:
A IA vai substituir os empregos?
Mulheres negras como protagonistas das mudanças
Inteligência artificial como bem comum

Fabio Cozman:
A inteligência artificial aliada à educação 
Como a inteligência artificial pode colaborar com as atividades humanas?

Virgílio Almeida:
A importância da regularização das inteligências artificiais
A inteligência artificial no centro do debate público

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